Hoje talvez eu tenha visitado um dos melhores museus (senão o melhor) daqui, o Mausoléu do Rei Nanyue. Com acesso perfeito, na saída E da estação de metrô Yuexiu Park e com o preço módico da entrada a 12 yuan, o museu é um show de História e de cultura tradicional chinesa, em especial da cidade de Guangzhou durante a Dinastia Han, reinado de Nanyue.
Por fora o prédio já é muito bonito e o complexo ocupa 17.400 m2. Tudo começa mais básico na parte interna do museu, com peças de arte, tais como cerâmica e porcelana, sendo o destaque a sessão que mostra os travesseiros de cerâmica usados antigamente, principalmente por volta dos anos 1.100 d.C., Dinastia Tang. Dá para imaginar dormir numa coisa dura dessas? Tem vários na foto abaixo, mas dá para ver bem esse em destaque, lebrando que houve vários estilos de arte, cores e materiais para estas peças ao longo do tempo, com caracteres chineses e inscrições de poemas, base de animais, pessoas, etc.
O acervo é bem bonito...
Mas a cereja do bolo está na parte externa. Vou tentar retratar em palavras e fotos para vocês o meu entusiasmo ao ver o local em que foi encontrado "acidentalmente" o mausoléu do Rei Nanyue, datado de aproximadamente 2.200 anos atrás, em escavações no início dos anos 80, quando foram construir um hotel ali nas imediações.
Os jardins foram reconstruídos seguindo o padrão do que era o local à época, inclusive com as cores dos muros avermelhados. Aí você tem uma escada que te leva para um subterrâneo onde foi construída a tumba do rei, à época com quase 11 metros de comprimento e mais de 12 metros de largura, dividida em sete partes: câmara frontal, leste e oeste, câmara principal do caixão, salas leste e oeste e câmara de armazenamento traseira.
Há mais de 1.000 peças de relíquias que foram encontradas no local, como peças de bronze e jade, ouro e prata, carruagens, instrumentos musicais, utensílios do cotidiano, bem como restos das concubinas do rei e dos 15 cortesãos que foram sacrificados e enterrados (vivos!!!!!) junto com o rei para servi-lo em sua morte (esta era a tradição).
O túmulo foi descoberto em 1983 e o museu foi inaugurado em 1988. No anexo que mostra os tesouros da tumba, temos a reconstituição do corpo do rei. E como se conseguiu fazer isso depois de tanto tempo e com tudo decomposto? Como a tradição determinava que o rei fosse entrerrado cheio de ornamentos de jade e seda vermelha, mais ou menos com uma espécie de "armadura", bem como com círculos de jade embaixo e em cima do corpo, foi possível saber a posição exata e o local em que foi sepultado. O resultado é esse aí:
Para uma amante de História e Arqueologia e alucinada por museus, nem preciso dizer que hoje vou dormir feliz por mais essa oportunidade! Esse é sem dúvida um lugar que vale a pena visitar!