Saímos hoje cedo para visitar o Templo Banteai Srei e o Tah Prom, que ficam dentro do complexo de Angkor, uma das maravilhas desse mundão, patrimônio protegido pela UNESCO e que realmente é difícil de ser explicado em palavras, já que é preciso estar ali para sentir aquilo tudo e se impressionar com ruínas maravilhosas e suntuosas de tanto tempo atrás.
O acesso ao parque se dá mediante o pagamento de 20 dólares e você recebe uma espécie de carteirinha com a sua foto, que tem que ser apresentada antes de acessar os vários templos que formam essa maravilha.
Em breve resumo, Angkor é uma região do Camboja que foi sede do Império Khmer, vigente aproximadamente entre os seculos IX e XV. Estima-se que os templos da região alcançaram número superior a 1000 e a arquitetura, bem como a decoração e estátuas, foram variando de acordo com os reinados e suas tendências, mas muita coisa lembra o hinduísmo e budismo. As ruínas foram exploradas e algumas delas restauradas, atraindo aproximadamente 2 milhões de turistas ao ano.
Em 2007, uma equipe internacional de pesquisadores, usando técnicas modernas de estudo, concluíram que Angkor foi a maior cidade pré-industrial do mundo, com infraestrutura elaborada e um sistema de conexão urbano de pelo menos 1.000 quilômetros quadrados. Angkor é considerada uma cidade rica nos métodos hidráulicos, aptos a gerar, estocar e distribuir água por toda sua área, isto porque era preciso se adequar ao clima de monções e suportar o aumento frequente da população. Apesar de ainda haver um debate sobre o tamanho da população máxima de Angkor, estudos concluem que o sistema de agricultura do local teria suportado mais de 1 milhão de pessoas.
Bom, da entrada dos portões até chegar a Banteai Srei são aproximadamente 30 quilômetros e o percurso é fantástico. Você pode ir observando a natureza, a população local, as casas de palafitas, a produção do artesanato, as crianças.
Aqui cabe dizer que infelizmente muitas crianças trabalham mais que adultos no Camboja, vendendo cartões postais e tentando aplicar o velho golpe do leite nos turistas (quando li isso antes de vir para cá não acreditei, mas realmente umas duas crianças ficaram nos pedindo o famigerado "milk"). Ficamos sabendo que funciona assim: uma criança maior anda com outra bem pequena no colo e pede que você vá com ela até um mercadinho para comprar leite. Lá, o valor do leite é super mais alto que o real e assim que o turista paga, a criança revende o leite para o comerciante num valor bem baixo. É lógico que tem adultos por trás disso, mas infelizmente essa é a dura realidade das crianças cambojanas.
Mas no geral o povo é bem hospitaleiro e as crianças umas fofuras...difícil não se sensibilizar.
Angkor é apaixonante e um lugar único no mundo, sem dúvidas. Banteai Srei se destaca por sua riqueza de detalhes na arquitetura.
E tivemos a "sorte" de encontrar uma cobra no caminho, dar um grito e chamar o guia do parque, sendo informados de que ela era mesmo perigosa! #medo
Chegando em Tah Prom, outra sensação de espanto com algo tão belo. Além das maravilhas da arquitetura e das ruínas que permanecem tão vivas, tem a interação da natureza, com aqueles troncos de árvores imensos entrando por entre as pedras.
Este local foi o cenário do filme Tomb Rider, com Angelina Jolie. Incrível!!!
Também dentro do complexo Angkor fica o Land Mine Museum. Ele foi idealizado por um grande herói do Camboja, Aki Ra, que aos 10 anos de idade recebeu sua primeira arma do Khmer Vermelho para lutar na guerra civil e tendo encarado essa cruel realidade, já há algum tempo se dedica à causa de desativação das minas e de cuidados com crianças e jovens vítimas delas.
O trabalho é brilhante e já surtiu ótimos frutos, se estendendo também para outros jovens que não somente as vítimas das minas, com uma escola formadora, encaminhando os alunos para universidades e para sólidas carreiras. O ingresso custa 5 dólares por pessoa e a renda é toda revertida para o projeto. O acervo é bem bacana.
Ainda no assunto das minas terrestres que mencionamos anteriormente, a maioria das vítimas são crianças que foram atingidas enquanto brincavam ou trabalhavam nos campos. Pacientes que sobrevivem às causas das minas terrestres muitas vezes necessitam de amputação de um ou mais membros e têm de recorrer à mendicância para sobreviver. É muito comum na cidade ver grupos de pessoas mutiladas tocando instrumentos para arrecadar algum dinheiro para sobreviver.
O número de vítimas de minas terrestres diminuiu, passando de 800 em 2005 para menos de 400 em 2006 e 208 em 2007 (38 mortos e 170 feridos). Havia 271 minas terrestres e engenhos explosivos não detonados, registrados pelo Sistema de Informação do Camboja em 2008, 243 em 2009 e 286 em 2010. Este aumento é, em parte devido a dois grandes acidentes com minas antitanque em 2010 na província de Palin e Battambang, que entre eles mataram ou feriram 30 pessoas. Houve 211 mortes no total, em 2011, e as estatísticas de janeiro a junho de 2012 numeraram 104 mortes. Cerca de 27% destas mortes ocorreram entre 2011 e 2012 em Battambang.
Voltando para a cidade, passamos pelo Museu Nacional de Angkor, onde não são permitidas fotos (que pena!!!!), mas que é um lugar lindo, que retrata toda a história da cidade de Angkor, suas influências artísticas, bem como os detalhes de seus reinados. O ingresso custa 12 dólares e você precisa deixar todos os seus pertences num guarda-volumes com chave. Vale muito a pena.
O fim de tarde e o por-do-sol visto do terraço do museu é deslumbrante!
E com isso terminamos um dia super intenso, com muitas coisas imperdíveis em Angkor para fazer ainda na próxima visita. Amanhã, partiu Luang Prabang.