A distância entre Tel Aviv e Jerusalém é de aproximadamente 70 km, mas o trânsito é bem intenso nas manhãs e fins de tarde, o que representa média de 1:30h para se chegar lá. A estrada é bem boa, mas como já dissemos, eles dirigem de uma maneira "peculiar" e leva um tempinho para se acostumar com a dinâmica. Não pegamos nenhum pedágio.
No caminho tudo era motivo de encantamento, pelo simples fato de dirigir numa estrada nova, ler as placas em hebraico e árabe numa paisagem meio com cara de deserto, tudo isso atrelado à ansiedade de pisar em Jerusalém pela primeira vez.
E como dica aos viajantes, fizemos tudo por nossa conta, sem usar nenhum pacote de agência. O livrinho de Israel misturado com sugestões de amigos, leituras de blogs e matérias na internet ajudaram muito. Todo mundo fala inglês numa boa por aqui e a comunicação é fácil. O povo é educado e trata bem os turistas. A moeda de Israel é o NIS – novo shekel israelense e 1 shekel equivale a R$ 0,88. As coisas custam bem caro, tanto roupas quanto cosméticos, gasolina, estacionamentos, comidas e bebidas em restaurante ou no supermercado. No final das contas o valor da moeda deles é parecido com o real e não se precisa fazer muita conversão para calcular os preços.
O clima nessa época do ano é excelente. Sem chuvas (somente esse ponto é um pouco desfavorável porque o ar é extremamente seco e você precisa passar protetor labial e creme nas mãos e corpo o tempo todo, sem falar que te dá sede toda hora, sendo a garrafinha de água um item fundamental), com a temperatura variando entre 15 e 20 graus, naquele mix de sol e friozinho que eu particularmente amo! Escurece super cedo e o sol se põe geralmente por volta de 16h30/16h40.
A comida é deliciosa, predominantemente na linha árabe com muito húmus, tahini, pita bread (pão sírio), pepino e tomate de montão, falafel, sabich, doces maravilhosos. O café típico é o turkish cofee (mega forte e deixa uma espécie de lama no fundo do copo). No geral eles são bem saudáveis e bebem muito suco de frutas e comem comidas naturais. O que estraga um pouco esse jeito saudável de ser é o fato de que eles fumam pra caramba e em todos os bares e restaurantes nas áreas externas é permitido fumar.
Mas voltemos a Jerusalém. Chegamos na cidade e paramos o carro num estacionamento na Mamila Street, que o menino da recepção do nosso hotel nos indicou e colocou em hebraico no Waze. Confesso que tive um choque quando cheguei...estávamos esperando uma coisa super antiga, mas deparamos com um shopping extremamente sofisticado, moderno, com lojas de grife e com coisas de muito bom gusto.
Entramos então na chamada “Cidade Antiga” ou “Cidade Velha” de Jerusalém (uma área amuralhada em forma retangular) através do Jaffa Gate e só então tivemos o primeiro impacto de quanta coisa grandiosa estava por vir.
Para resumir o tamanho do problema, durante a sua longa história Jerusalém foi destruída pelo menos duas vezes, sitiada 23 vezes, atacada 52 vezes e capturada e recapturada outras 44 vezes. A Cidade Antiga se tornou um Patrimônio da Humanidade em 1981.
Oito portas permitem o acesso à Old City, dividida em quatro bairros: muçulmano, judeu, cristão e armênio. Iniciamos pelo “Armenian Quarter”, onde fizemos uma pausinha para um descanso e algumas gostosuras com cafezinho (eles tem um doce típico aqui que é bem parecido com o nosso sonho...divino!).
Seguimos para o “Jewish Quarter”, onde além de apreciar a vista, tivemos o prazer de assistir a uma cerimônia de bar mitzvah bastante animada que se dirigia (assim como a gente) para o Muro das Lamentações, com direito a banda e muita animação.
Chegando ao “Western Wall” a sensação é bem intensa.
Mulheres e homens oram em lados separados do muro. Confesso que chorei (esse foi meu primeiro choro de muitos nessa viagem) ao sentir a energia daquelas pessoas fervorosas em suas preces, momento em que também aproveitamos para nos conectar ao Alto e fazer nossos agradecimentos.
Saindo de lá fomos para a Igreja do Santo Sepulcro, no bairro cristão (ressalva para o fato de que somos cristãos e a viagem para a gente seguiu mais esse enfoque, sem deixar, no entanto, de buscar conhecer todas as demais vertentes do país).
A entrada para a igreja acontece através de uma única porta e logo se vê a sagrada Pedra da Unção, que a tradição diz ser o local onde o corpo de Jesus foi preparado para o sepultamento e é a décima terceira Estação da Cruz.
Dali fomos para uma fila um tanto quanto grandinha (ficamos batendo papo com um casal de brasileiros que estava atrás da gente) para acessar o ponto no centro da Rotunda, onde fica uma pequena capela (a Edícula), a qual tem dois quartos: o primeiro é a Capela do Anjo, onde se acredita estar um fragmento da pedra grande que selou o túmulo e no segundo está o próprio túmulo. Tem que ser tudo rapidinho, pois fica uma pessoa direcionando e pedindo para que a entrada e saída desse segundo quarto seja bem breve para que a fila não se alongue tanto, o que a meu ver tira um pouco a possibilidade de uma meditação mais profunda nesse local. Mas vale a pena visitar, logicamente. E também demos muita sorte pois pegamos todos os pontos relativamente com poucos turistas, talvez em razão da época de baixa temporada.
Após, fomos ao Calvário. Quando íamos subir a escadaria que leva até este ponto, tinha um rapaz bem jovem sentado nas escadas com uma roupa de padre e falamos com ele (em inglês), que nos informou que precisaríamos esperar uns 20 minutos, pois ali seria realizada uma procissão e uma breve cerimônia católica que acontece diariamente. Depois descobrimos que ele é brasileiro e está em Jerusalém numa missão na Ordem dos Franciscanos. Raul ficou um tempo conversando com ele, uma doçura de pessoa, que explicou que a Basílica do Santo Sepulcro hoje é propriedade de três fés: os greco-ortodoxos, os armênio-ortodoxos e os católicos romanos e por conta disso o prédio é um pouco desgastado e descuidado, até mesmo por falta de consenso sobre quem cuida do que.
Pudemos subir logo depois, enquanto a cerimônia ainda se realizava e, ao final, seguimos a fila de pessoas que devotamente se ajoelham no ponto tradicionalmente considerado como o local da crucificação de Jesus. Muito emocionante e a pedra pode ser vista sob um vidro em e por baixo do altar há um buraco, dito ser o lugar onde a cruz foi levantada (Estação 11 para os católicos romanos). À esquerda do altar, há uma estátua de Maria (a 13ª Estação da Cruz), onde o corpo de Jesus foi retirado da cruz e entregue à sua família.
Depois disso fizemos mais uma caminhada (afinal, o que mais se faz é caminhar) ao redor do bairro muçulmano e ficamos admirados com os souks (mercados árabes), que ficam espalhados por várias ruelinhas e nos quais você encontra tudo que imagina, desde souvenirs, comidas, temperos, roupas, peças do dia-a-dia, como vassouras, baldes, uma mistura total. Eles ficam te oferecendo tudo e tentando fazer com que você compre, negociando preços, mostrando mais e mais produtos. Uma experiência incrível.
No fim do dia, já destruídos e com super dosagem de informações, voltamos à estrada e ao trânsito conturbado de Israel. Amanhã tem muito mais!